Cultura

Adulação servil nos serviços públicos e o desenvolvimento local – O que o Sol Nascente tem a dizer Sobre:

Os serviços públicos encontram barreiras na melhoria da qualidade de vida da população e na sua grande contribuição para o desenvolvimento local, por se notar com frequência aduladores servis junto das lideranças, influenciando decisões e a qualidade dos mesmos.

Importa referir que estes serviços devem ser dinâmicos e estar prontos para a velocidade que o mundo actual vem oferecendo, pelo que, as lideranças têm de ser cada vez mais eficazes, eficientes e efectivas, pois, são pilares fundamentais da qualidade dos referidos serviços, visando o desenvolvimento local.

A liderança, neste contexto refere-se a capacidade de um individuo influenciar, motivar e habilitar os outros a contribuir para eficácia, eficiência, efectividade e para o sucesso das organizações de que são colaboradores, assegurando o processo de mudanças na estrutura económica, social, cultural, institucional, política e ambiental, acompanhado pela transformação e melhoria das condições de vida em todos quadrantes e segmentos da população

Parece-me importante destacar que as lideranças devem ser estratégicas e orientadas a mudanças de todos os níveis, promovendo a boa governação, a inclusão de actores locais no processo de decisão, na participação da agenda de desenvolvimento local, uma activa participação no fomento dos arranjos produtivos locais e garantir políticas robustas de desenvolvimento local, onde as estruturas e instituições locais desempenham papel vital nas políticas locais.

É no contexto dos serviços públicos onde se vem registando cada vez mais a presença de aduladores servis (entenda-se bajuladores), que desenvolvem acções tendentes a interromper uma prestação de um serviço de qualidade.

Tal é o perigo da sua presença nos serviços públicos que, Locke os situa como uma categoria de personagens especialmente nocivas para um regime limitado e que se caracteriza, em particular, por um vício especi?fico, a flattery. Defende Lock que estes desestabilizam um regime de poderes limitados, razão pela qual considera a adulac?a?o (bajulação) como uma prática anti-social, insensata, irracional e uma habilidade perversa.

A preocupação com a existência e presença de aduladores em nossas sociedades terá motivado Plutarco que viverá antes de Cristo a escrever um tratado a que designou “Da maneira de distinguir o bajulador do amigo, em que descreve a difícil arte de reconhecer a fraqueza corajosa do verdadeiro amigo e a adulação oportunista do bajulador. Neste tratado, Plutarco organiza uma tipologia dos diferentes bajuladores, arrolando as situações em que a ambiguidade entre a bajulação e a amizade acha uma saída, visto que o bajulador é um exímio fingidor de amigos.

Estamos diante de uma categoria de pessoas cuja preocupação perpassa os tempos e os espaços. Por outro lado, essa frequência de aduladores (bajuladores), nas proximidades de quem ocupa uma posição de destaque numa entidade ou órgão público realça a característica a sua veneração por autoridades, buscando-se manter sob o pálio de seus superiores hierárquicos.

Ademais, para salvar-se da incompetência, o adulador (bajulador) mantém uma relação de comensalismo, em que o excesso de vaidade e a falta de inteligência são compensados pela falsidade nos elogios. Não possui ideias próprias, mas costuma apropriar-se das ideias alheias. Como características no seu carácter, podemos destacar, a maledicência, a mentira, a inveja, o egoísmo e a fraqueza.

Em síntese, vale afirmar que a qualidade dos serviços públicos, apresenta-se como um desafio que requer a exigência de transformações urgentes, pois a presença frequente de aduladores servis (bajuladores) nos mesmos podem comprometer a sua prossecução, o que deverá impactar de forma negativa nos processos e resultados na satisfação do interesse público e o consequente desenvolvimento local. A existência de aduladores nos serviços públicos é milenar, e o efeito da sua actividade tem-se apresentado como bastante negativo, facilitando o nepotismo, o tráfico de influência e a corrupção. Neste sentido, parece-me fundamental que todos os sectores da vida pública estejam atentos a existência e presença de aduladores servis, de modo a evitar a sua influência nos serviços públicos e fundamentalmente no processo de tomada de decisão, devendo-se sempre considerar os superiores interesses do público a que se destinam os serviços.

João Figueiredo

Professor ISPSN

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