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Canal do Cafu cedeu às chuvas intensas que se fazem sentir na província. UNITA quer explicações do Governo

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Quem se lembra do arranque da campanha eleitoral para as eleições gerais de Agosto de 2022, lembra-se que o arranque da pré-campanha aconteceu, justamente, no Cunene, onde a infra-estrutura do Canal Cafu foi tida como uma das obras mais emblemáticas do governo do Presidente João Lourenço e do MPLA, inaugurada nessa altura e ainda a um par de meses das eleições.

A infra-estrutura que tinha como objectivo combater a seca severa e beneficiar no total de 230 mil habitantes e 2554 mil cabeças de gado naquela região sul do país, escreveu o Jornal de Angola, foi inaugurado em Abril de 2022 pelo Presidente João Lourenço, mas menos de um ano depois o Sistema de Transferência de Água do Rio Cunene através do Canal do Cafu… colapsou.

As autoridades dão como explicação as fortes chuvadas que se fazem sentir na região, anormalmente intensas para esta época, mas o maior partido da oposição não se deixa convencer e pede explicações ao Governo.

O Grupo Parlamentar da UNITA vai solicitar com carácter de urgência uma audição parlamentar aos ministros da Energia e Águas, João Baptista Borges, e da Construção e Obras Públicas, Carlos Alberto Gregório dos Santos, e também à governadora provincial do Cunene, Gerdina Ulipame Didalelwa, para que esclareçam todo o processo de contratação das equipas responsáveis pela construção do Canal do Cafu que cedeu às chuvas.

A UNITA pretende que se faça uma análise a quem e como foi atribuída a construção de uma infra-estrutura que custou mais de 44,3 mil milhões de kwanzas.

Em comunicado, o Grupo Parlamentar da UNITA diz que acompanha com “bastante preocupação” as notícias e imagens postas a circular nas redes sociais sobre a degradação de alguns troços do Canal do Cafu, na província do Cunene, fruto da força das chuvas que se abateram sobre a região nos últimos dias.

“Tal situação é resultado da má qualidade da obra desse projecto de combate à fome e à seca no sul do País, que custou 137 milhões de dólares aos cofres do Estado, cujos resultados estão longe de impactar na vida das populações locais, vem provar mais uma vez os enormes prejuízos económicos e sociais que a contratação simplificada e os ajustes directos têm provocado ao País”, diz a nota do GP da UNITA, em que se considera que projectos desta natureza devem ter fiscalização séria “in loco” não só de âmbito técnico, mas também do fórum político e jurisdicional por parte de organismos afins, principalmente o Parlamento e o Tribunal de Contas, “para se evitar o desperdício de recursos financeiros e servirem de facto os fins para os quais foram projectados”.

E neste contexto a UNITA pede ao Executivo a responsabilização de todos os agentes públicos e privados envolvidos “para que o País deixe de viver do mais do mesmo em matéria de baixa qualidade e durabilidade das obras”.

O comunicado deixa uma nota em que “solidariza-se com as populações do corredor do Cafu, em particular, e da província do Cunene em geral, esperando que seja feita uma intervenção consistente pelas autoridades competentes”.

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