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Numa entrevista à RTP África, conduzida pela jornalista Isabel Silva Costa, o presidente da UNITA lamentou, entre outros assuntos, os activistas que tiveram de deixar o país, depois de fortemente ameaçados, para se refugirem em países africanos ou europeus.
“Nós saímos do pós-eleições com um quadro terrível no âmbito de perseguições, no âmbito do desrespeito dos direitos humanos e hoje, com novos indicadores, que nunca ninguém imaginou, em que temos a necessidade de haver activistas que têm de fugir do país para salvaguardar as suas vidas, e isto é uma novidade total, e nós denunciamos isto, mas é muito grave, e é muito grave porque não são casos isolados”, disse Adalberto Costa Júnior, que referiu ainda que logo a seguir às eleições houve um ambiente de “ameaças internas”, que marcou esse período.
Não deixou de referir os activistas que se encontram presos e a resolução que a UNITA tentou levar ao parlamento e que foi rejeitada pela maioria do MPLA.
“Aconteceu pior, fomos ao Parlamento com uma resolução da denúncia (de violação dos direitos humanos) e o grupo parlamentar do MPLA votou contra a resolução que condenava a violação dos direitos humanos, veja isto, é inacreditável, é a confissão, diria, da falta de vontade no tratamento destas matérias e a confissão de responsabilidades”, disse ainda o líder da UNITA.
Um pouco a reboque destas questões, falou da Justiça e de como o “debate sobre a integridade da presidente do Tribunal de Contas, do Presidente do Tribunal Supremo, de titulares dos Serviços de Informação, Investigação e Segurança, questões que têm denegrido a imagem da governação”.
E seguida falou da vontade dos angolanos em terem poder local. Adalberto Costa Júnior garantiu que se for feito um estudo, 99% dos angolanos querem o poder local e a realização das eleições autárquicas.
Para o presidente da UNITA, o Presidente da República já deu “sinais claros” de que as eleições autárquicas não vão acontecer.
“Não, não vão sair, e, portanto, o governo deixou sinais claros de que não o quer fazer, e não o quer fazer porque sou eu que o digo, não quer fazer pelas posturas oficiais. Nós, até aqui, temos tido uma enorme dificuldade em ver o pacote legislativo eleitoral aprovado, e a razão é política, não há nenhuma dificuldade, porque, e enquanto parlamentar na legislatura anterior, nós aprovamos todas as leis que entraram nos últimos quatros anos, o que tem sido feito é que se tem impedido que seja agendada a última lei (…) e a pessoa que impede que ela seja agendada é a mesma que a usa para para justificar a não realização de eleições”, disse Adalberto Costa Júnior na entrevista à RTP África.