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Ministra da Saúde optou por fazer uma fuga para frente

Na sequência da pressão que os hospitais de terceira linha têm vindo a sofrer, sobretudo os de Luanda, a ministra da Saúde optou por fazer uma fuga para frente, aumentando o número de camas nas unidades de saúde, como se problema resultasse da falta de leitos hospitalares.

O primeiro passo nesse sentido foi dado há poucas semanas quando Sílvia Lutukuta reagindo às imagens virais nas redes sociais de doentes deitados no chão frio dos corredores do Hospital Américo Boavida (HAB), enviou àquela unidade de saúde várias camas.

Os observadores menos atentos poderão ter ficado com a ideia de que o problema dos doentes atirados à sua sorte nos «corredores da morte» dos hospitais de referência residia na falta de camas quando, na realidade, a «doença» é mais grave do que aparentava. Em boa verdade, a principal doença do sector está a montante e não a jusante. Ou seja, na falta de um Sistema Nacional de Saúde (SNS), que começa na base, nos centros de saúde que, como se sabe, não funcionam ou se funcionam mas de forma bastante deficiente.

É justamente a falta de hospitais de primeira e segunda linhas que está na origem da pressão sobre os hospitais de referência, os dos centros que estão vocacionadas para tratar os casos mais graves. Não constitui novidade para ninguém que os centros de saúde não oferecem os serviços mínimos aos doentes como, por exemplo, a cura de doenças «simples» como, o paludismo ou doenças diarreicas, por falta de meios de diagnóstico ou de fármacos.

Quando existe microscópio falta os reagentes ou, no pior dos cenários, os pacientes deparam-se com a falta das duas coisas. O problema não se resolve entupindo os hospitais com mais camas, mas apostar seriamente e com frontalidade nos cuidados primários de saúde, dotar as unidades de saúde de primeira e segunda linhas com mais recursos técnicos e humanos.

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