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O principal sindicato de jornalistas da Tunísia acusou a comissão eleitoral nacional de assediar os media para silenciar os críticos de uma eleição parlamentar marcada para sábado, e em que se verifica um boicote dos principais partidos.
Em causa está a liberdade de imprensa questionada a partir da chamada ‘primavera árabe’, em 2011, que começou, justamente, na Tunísia, e, num debate mais amplo, o destino da democracia do país presidido por Kais Saied.
A eleição é a mais recente de uma série de medidas tomadas por Saied para refazer a política tunisina, depois de ter encerrado o parlamento no verão passado e governar actualmente por decreto, no que é tido por muitos como um golpe de Estado. Saied defende suas medidas como legais e necessárias para salvar a Tunísia de anos de crise.
O novo parlamento terá muito menos poderes do que o anterior a partir de uma Constituição profundamente alterada no decorrer deste ano pelo presidente Saied, e aprovada em Julho através de um referendo igualmente boicotado pelos países da oposição e que contou com uma muita baixa participação da população tunisina.
O presidente também assumiu a autoridade sobre a comissão eleitoral, que, anteriormente, era tida como independente, e para a qual nomeou novos membros da sua confiança.
Um porta-voz da comissão eleitoral disse que a correspondência enviada aos media durante o período eleitoral não era uma ameaça, mas os jornalistas reclamam das regras que regem a cobertura eleitoral e acusam a comissão de agir como se fosse a polícia e de os ameaçar com processos por causa de seus artigos.